#5 Mulheres na Militância Anarquista (1900-1930)
Angela Maria Roberti Martins

Angela Maria Roberti Martins é Doutora em História Social pela PUC-SP. É professora associada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) no curso de História, na área de Moderna e Contemporânea/História da África. Coordenadora do Laboratório de Pesquisa e Práticas de Ensino em História (LPPE/UERJ).

 

1. COMEÇANDO...

 

         Esse texto apresenta algumas das inserções das mulheres no movimento anarquista que marcou a Primeira República (1889-1930), no eixo geográfico Rio-São Paulo. Para tanto, parte do exame de alguns periódicos libertários, destacando a contribuição das mulheres para a luta política travada e as mobilizações sócio-culturais implementadas. Embora o tema já tenha motivado alguns estudos com os mais diversos enfoques e objetivos, encerra, ainda hoje, questões das mais fundamentais ao ser humano, permanecendo, por isso, mesmo, instigante e aberto.

         Nessa perspectiva, o propósito central desse texto é mostrar que as mulheres anarquistas tiveram uma participação ativa nas lutas sociais e políticas da época, projetando-se como testemunhas reveladoras da experiência feminina do anarquismo no Brasil.

         O anarquismo se fez presente, no Brasil, desde o final do século XIX graças à circularidade de homens, de mulheres e de ideias, sendo reforçado, constantemente, com a presença crescente de imigrantes, muitos dos quais ligados aos setores comercial e oficinal.

         O anarquismo, nas suas ideias e ações, não pode ser tomado como um corpo único e invariável, pois se projetou, no tempo e no espaço, de maneira bastante diversificada. As diversas correntes anarquistas surgidas ao longo do século XIX apresentavam diferenças quanto a alguns preceitos teóricos e determinadas estratégias de ação, mas tinham como ponto em comum a defesa incondicional da liberdade de escolha e a negação do princípio da autoridade.

         Apesar de invisíveis na produção historiográfica durante muito tempo, as mulheres anarquistas militantes no Brasil lutaram ao lado do homem na defesa dos postulados libertários. Seus gritos de revolta, suas reivindicações de liberdade e igualdade foram ouvidos dentro e fora do movimento anarquista.

         Individualmente ou em grupo, mulheres como Maria de Lourdes Nogueira, Branca Nery, Alzira Werkauzer, Isabel Cerruti, Josefina Bertacchi, Tibi, Tecla Fabri, Deolinda Daltro, Noêmia Lopes, Elvira Boni, Elisa de Oliveira, Catalice Silva, Matilde Magrassi, Sofia Garrido, Maria Angelina Soares entre outras, destacaram-se na defesa da emancipação feminina, sendo atuantes nos movimentos políticos e nas atividades sócio-culturais que marcaram a Primeira República e preocupando-se com a situação social da mulher de todas as classes.

 

2. OS SONS DO PROTESTO

 

         Nos primeiros movimentos das classes trabalhadoras no país, as mulheres anarquistas participaram de passeatas e outras manifestações de rua, discursaram em conferências e comícios, presidiram assembléias em Congressos Operários, fizeram greves, escreveram artigos em jornais e revistas, redigiram e distribuíram panfletos, encenaram peças teatrais, organizaram ligas femininas e grupos de estudo, ensinaram nas escolas libertárias, foram perseguidas, presas e submetidas a situações vexatórias.[nota 1]

         Suas vozes bradaram firme no combate pela transformação das condições concretas de existência das mulheres de todas as classes, lutando contra a exploração máxima da mão-de-obra feminina, que se encontrava sujeita a salários ínfimos, a jornadas de trabalho exaustivas e ao desamparo em caso de acidentes de trabalho, de velhice ou de doença.

         Do Rio de Janeiro, a União das Costureiras, Chapeleiras e Classes Anexas lançou palavras no sentido de mostrar aos trabalhadores que a libertação da humanidade dependia, também, da emancipação feminina. O documento trazia a seguinte afirmação:

         [...] Falta ainda alguma coisa, absolutamente necessária e que concorrerá mais eficazmente para o fim desejado por todos os sofredores. É a emancipação da Mulher! Homens Conscientes!  Se refletirdes um momento, vereis quão dolorosa é a situação da mulher, nas fábricas, nas oficinas, constantemente amesquinhadas por seres repelentes e vis.[nota 2]

         O manifesto das costureiras define-se como um basta à exploração da mulher, seja no tocante a sua condição de classe, seja no que se refere a sua condição de sexo.  Denunciando o sexo como um diferencial na esfera da produção, as militantes clamavam, também, pelo fim do aviltamento moral que patrões e encarregados impunham às trabalhadoras com a prática do assédio sexual.

         Denunciando as péssimas condições de trabalho a que estavam submetidas as operárias e conclamando as companheiras para a luta pela redução da jornada de trabalho, as costureiras paulistas, lideradas por Tecla Fabri, Teresa Cari e Maria Lopes, lançaram o seguinte manifesto:

Como se pode estudar ou ler um livro iniciando o trabalho às 7 horas e retornando às 11 horas da noite? Das 24 horas só nos ficam 8 para repousar... Contamos com o vosso apoio de irmã e de companheiras, e assim a vitória será nossa...[nota 3]

         Pelo manifesto fica claro, entre outros, que as mulheres anarquistas apostavam na instrução como um mecanismo de libertação da mulher; uma arma para despertar as consciências femininas e fazer valer a oposição às classes privilegiadas, à Igreja e ao Estado.  No entanto, pareciam estar cientes, também, de que tal conquista dependia da luta contra a maximização da exploração capitalista no âmbito da produção, para que a mulher tivesse oportunidade de estudo e aperfeiçoamento.

         Os protestos revelam grande exaltação de ânimo por parte das ativistas, seja contestando a exploração da mão-de-obra feminina, seja alertando para a necessidade da emancipação da mulher como parte integrante do movimento operário e do movimento anarquista. As militantes esperavam de suas companheiras resistência e força ante todo um sistema de valores que subordinavam o trabalho ao capital; o feminino ao masculino.

         Por ocasião da greve da Companhia Leopoldina, em 1920, considerada um dos movimentos que se aproximou da greve geral sonhada pelos anarquistas, a atuação feminina foi marcante. No comício do jardim da Praça da República, no Rio de Janeiro, Maria de Lourdes Nogueira, apoiando a greve, proferiu às companheiras o seguinte discurso:

[...] Eu vos concito! Agrupai-vos! conosco! Filiai-vos ao nosso grupo feminino de Estudos, a fim de que possais ensinar, transmitir aos vossos filhos e às pessoas que convivem convosco, os grandes, e santos ideais do progresso humano! [...] Os tempos são chegados e, com eles, a vitória do Bem, eliminando a desigualdade econômica, os contrastes sociais, as guerras, a prostituição, a indigência e a miserável exploração do homem pelo homem.  [...].[nota 4]  

         Aproveitando-se de um momento de insatisfação social geral, pois à greve da Leopoldina juntou-se a paralisação de outras categorias profissionais, a anarquista denunciou as contradições da sociedade, apontando o anarquismo como o caminho para a libertação e o bem-estar da humanidade. Ela e outras companheiras mobilizaram-se, inclusive, para a arrecadação de fundos de auxílio aos grevistas, chegando a angariar a quantia de 50.$000 que foi entregue ao comando de greve pelas camaradas Analia Nere e Rosa Leal.[nota 5]

         A experiência libertária de Maria de Lourdes foi além das organizações grupais e dos protestos públicos. Assinou alguns artigos na imprensa libertária, revelando determinação na luta pelos ideais anarquistas, coragem na defesa dos companheiros perseguidos e deportados pelo governo Epitácio Pessoa, consciência da necessidade de transformação social e esperança na chegada da sociedade ácrata.

         Em artigo publicado na revista A Obra em agosto de 1920, manifestava-se de forma incisiva e audaciosa, considerando-se a ação policial da época, caracterizada pela invasão e perseguição violentas a redações de jornais anarquistas e a sedes de agremiações libertárias. Escrevia ela:

         Desde que me alistei nas fileiras dos combatentes pela nova ordem social assumi implicitamente a responsabilidade enormíssima de pugnar, sem tréguas, para o advento da nova era, em que há de existir mais justiça e mais harmonia entre os homens. A fé inabalável que me alenta é a mesma fé que faz entreabrir em sorrisos os lábios dos nossos camaradas, atirados nos fundos dos calabouços ou desterrados inclementemente para as inóspitas regiões da África. Que lhes importa, porém, que a cegueira burguesa e capitalista lhes chame hoje incendiários, dinamiteiros e quejandras? Que lhes importa a estreiteza de um calabouço ou porão infecto de um navio, se a vitória do grande ideal lhes constitui a razão de ser da vida? Não nos detenhamos, pois![nota 6]  

 

3. OS TONS DA ORGANIZAÇÃO

 

         Na defesa das ideias e metas libertárias, Maria de Lourdes Nogueira e outras companheiras não pouparam esforços.  Seguindo a trilha traçada pelo Partido Comunista do Brasil, fundado no Rio de Janeiro a 23 de março de 1919, as militantes fluminenses, por ela lideradas, fundaram a Liga Comunista Feminina em 27 de maio de 1919, cujo estatuto trazia no apêndice o seguinte adendo: Princípios do Socialismo Anarquista.[nota 7]

         Essa Liga, fundada, orientada e administrada por mulheres anarquistas, teve vida curta, porém marcante, procurando mobilizá-las em defesa da luta por sua emancipação.[nota 8] No mesmo ano da fundação, já sofria o assalto da polícia num caso típico da rotina repressiva que marcou o governo Epitácio Pessoa.[nota 9] Enquanto pôde funcionar, a Liga, teve, por exemplo, um importante papel no combate a um decreto apócrifo que corria o mundo e divulgava ideias segundo as quais o governo bolchevista estabelecia a socialização das mulheres na Rússia pós-revolucionária.

         Segundo um panfleto escrito e distribuído pela Liga Comunista Feminina, com o objetivo de esclarecer a verdade dos fatos, esse tal decreto anônimo que “horrorizou todo mundo e[ra] obra dos propagandistas anti-bolchevistas que t[inham] dinheiro e meios em abundância para o seu trabalhinho”.[nota 10] Depois de mostrar que o decreto só poderia ser obra dos burgueses para desmoralizar as ideias socialistas presentes na Revolução de Outubro, o panfleto trazia o seguinte esclarecimento: “...os bolchevistas e os anarquistas, longe de pensarem em socializar as mulheres, o que desejam é que tanto para elas como para os homens haja inteira liberdade e independência”.[nota 11]

         Na defesa do comunismo, Maria de Lourdes e outras militantes fizeram questão de esclarecer que a revolução não tornara nem tornaria a mulher uma coisa pública e que tampouco a liberdade que reivindicavam para ambos os sexos significava libertinagem.

         A militante libertária marcou presença ainda nas organizações de cunho educacional que tinham por meta o aprimoramento da mulher.  A ideia era libertar a mulher do único aprendizado que a sociedade lhe permitia: o maternal e o doméstico.  E assim, inseri-la num horizonte intelectual capaz de levá-la a refletir sobre as condições históricas da sua dominação.

         Em 1920, foi fundado, na capital federal, o Grupo Feminino de Estudos Sociais.  No artigo intitulado Um manifesto à mulher brasileira, publicado pela imprensa operária de tom libertário, o Grupo esclarecia que sua proposta consistia em

...agremiar todas as mulheres emancipadas do Brasil, a fim de combater sistemática e eficazmente a escravização clerical, a escravização econômica, a escravização moral e a escravização jurídica, que asfixiam, degradam e aviltam o sexo feminino. [nota 12]
Como uma alternativa, o Grupo procurava proporcionar às mulheres uma educação que fosse capaz de levá-las a assimilar as razões da exploração social, desmistificando os fatores econômicos e sócio-culturais que colocaram a mulher numa condição de subordinação.[nota 13] Nesse sentido, o Grupo contrapunha-se à tendência da educação de privilegiar as técnicas e as artes consideradas inerentes à natureza feminina, suporte para as chamadas “profissões de mulheres”.[nota 14]

         São Paulo também teve o seu Centro Feminino de Educação fundado em 1922.  No discurso inaugural, a ativista Isabel Cerruti destacou que a emancipação da mulher não se resumia à igualdade entre os sexos, mas à libertação de homens e mulheres dos poderes político (Estado) e econômico (capitalismo) responsáveis pela sua escravização material e moral. Suas palavras demonstravam bem sua postura emancipacionista, antiestatal e anticapitalista:

a emancipação da Mulher não está na igualdade desta perante o homem, nas prerrogativas políticas, de mando e de trabalho, mas sim na emancipação da Humanidade da tutela política e na Igualdade econômica e social de todo o gênero humano. A mulher não é escrava do homem..., mas escrava juntamente com o homem de mil preconceitos e vítima como ele da exploração [...] Nós devemos é lutar... junto aos homens para que a emancipação seja um fato, ...para todas as pessoas...para a Humanidade.... [nota 15]

         Para a mulher-militante, a igualdade entre os sexos não era apenas uma questão jurídica ou política. A lei não era a garantia da sua efetivação.  Elas desejavam a libertação social e humana para toda a humanidade, independente das diferenças sexuais, raciais, etárias ou nacionais.

         A voz da mulher anarquista ecoou também nos Congressos Operários.  Num deles, Alzira Werkauzer, representando as costureiras do Sul, fez um discurso mostrando que o imaginário social que concebia a mulher como um ser frágil e inferior levava-a a cultivar um sentimento de inferioridade em relação ao sexo oposto. A interiorização desses valores fazia com que a mulher se entendesse como incapaz e tivesse atitudes conformistas diante das mais degradantes condições de vida e trabalho. Não se pode esquecer que o próprio saber científico da época consagrou determinados paradigmas de diferenças entre os sexos e mesmo da superioridade masculina.

         Segundo a palestrante, a modificação desse estado deplorável de coisas dependia da conscientização e união femininas.  Seu discurso demonstrava claramente a crença que possuía no poder renovador das mulheres:

Sabemos que a mulher é considerada como ser inferior e fraco devido à influência religiosa, que faz com que ela por si mesma se considere sem o direito de lutar em favor de suas reivindicações. Vemos, em todas as indústrias, o braço da mulher explorada miseravelmente como produtor de mão-de-obra barata pelos capitalistas, e compreendemos que ninguém senão elas mesmas pode e deve lutar para seu próprio bem-estar. [...] E não podem nem devem esperar de nenhum partido político ou Governo a sua defesa econômica, física ou moral; porque a História não registrou fatos desta natureza.[nota 16]  

         O discurso de Alzira Werkauzer define-se como um documento profundamente anticlerical, antigovernamental e antipartidário. Como anarquista, ela tinha a nítida noção de que ninguém libertava ninguém; homens e mulheres libertavam-se coletivamente.  E a história era a maior prova dessa situação.  Daí, apontar para o necessário envolvimento da mulher como sujeito de seu processo de promoção pessoal e social.

 

4. O GRITO DA IGUALDADE

 

         A ideia de que a libertação da mulher era muito mais do que as simples e ineficazes reformas burguesas, há muito permeava as manifestações escritas e verbais das ativistas.  Em abril de 1900, o periódico O Protesto, iniciou a publicação de uma série de artigos inflamados da ativista Branca Nery dirigido às mulheres no sentido de mobilizar suas energias para romper com o servilismo e conquistar “direito à vida, à liberdade”, conforme se pode verificar por suas palavras: [nota 17]

Às Mulheres. Acorda, Proletária!
[...] ...já que a maioria dos homens são tão covardes e indiferentes pela sua e nossa emancipação; cumpre-nos a nós, ó proletárias! dar-lhes o exemplo... . [...] Em toda a parte onde o progresso e a civilização mais se tem acentuado, a mulher tem feito ouvir a sua voz. Porque, pois, aqui no Brasil, onde a mulher, pobre ou rica, está arrastada ao último grão de aviltamento social e moral, não havemos também de nos fazer ouvir? Tentaremos um esforço! [nota 18]

         Dirigido às mulheres proletárias, o artigo não só criticava a atitude “covarde e indiferente” dos homens pela emancipação de toda a humanidade, como traduzia a disposição das jovens militantes anarquistas no sentido de tomar em suas próprias mãos a condução do processo de libertação da mulher para que ela deixasse de ser “...uma simples mercadoria, um instrumento de ambições e caprichos de mercenários agiotas para quem o dinheiro é tudo...”.[nota 19]

         Nas discussões dos temas relativos à mulher, o amor livre igualmente teve seu espaço.  Seguindo as ideias de Errico Malatesta e Emma Goldman, a anarquista Tibi foi uma das ativistas libertárias que discorreu sobre a questão do casamento e do amor.

Segundo dizia,

o matrimônio apenas serve para abreviar a duração do amor, tornar odiosa a união.  No lar, a mulher é a escrava, o homem é o senhor; este tem o direito de mandar, aquela o direito de... obedecer (...).  Como pode existir o amor entre uma escrava e um senhor (...).  Por isso se diz: o casamento é a morte do amor... .[nota 20]     

         Vê-se que nesse artigo de Tibi, publicado no jornal O Amigo do Povo em 02 de agosto de 1902, há uma crítica contundente ao casamento burguês: contratual e mercantil, onde um compra e o outro se vende ou é vendido, um manda e o outro obedece. De acordo com a autora, o amor não resiste a essa relação barganhista e autoritária porque as partes estão numa situação desigual de dominação, de hierarquia e de subordinação.

         Nessa relação de dependência e posse, a mulher finge amar e ser amada, muitas vezes por razões econômicas, sentimentais e psicológicas, enquanto que “...a prostituta não precisa fingir.  Todos sabem que o seu amor é vendido, a ninguém engana”.[nota 21]

         Nota-se que Tibi alerta para a contradição da sociedade burguesa: discrimina a mulher desfrutável que vende seu corpo e seu amor, mas respeita a mulher esposável que simula o amor e o prazer.  Nessa crítica, Tibi sinaliza para a consolidação da união livre, cujo critério de êxito é unicamente o amor.  Afinal, para os anarquistas, a valorização do amor é a fórmula certa para a união a dois ser sinônimo de felicidade.

         Na luta pela demolição dos princípios cristãos e dos valores burgueses que forjaram uma moral sexual repressiva assentada em regras afetivo-sexuais e pela instauração de um novo modelo de feminilidade, Josefina S. Bertacchi deu importante contribuição. No artigo denominado o que deveria ser a mulher, publicado no periódico A Terra Livre em 15 de junho de 1910, esta anarquista deixa entrever os contornos de uma nova concepção de feminilidade; mais compatível com o pensamento libertário.

Ela destaca que entre a mulher submissa e a mulher feminista existe

...a verdadeira mulher: a mulher, nem patroa nem escrava, nem femina nem angélica, nem asséptica nem messalina; mas a mulher amante e amada, que, recebendo no seio o novo gérmem, maturando-o na dor, consagrando-o com o seu sangue, dá à humanidade o milagre da vida para ela, nela e com ela, eternamente se renovando até ao infinito.  (...)  Se de um lado nós condenamos a feminista ultra (...) doutro lado não queremos tão pouco a mulher máquina, a mulher besta de carga, a chamada governadeira.[nota 22]  

         Bertacchi enuncia o modelo de mulher imaginado para a sociedade libertária.  Mulher que, nem oprimida, nem opressora tem o direito ao amor, ao prazer, ao trabalho, ao saber.  Enfim, a mulher que tem o direito de viver a vida!

         Ora, com um pensamento dessa natureza, ela só podia mesmo criticar a sociedade que tem por mulher ideal  “...aquela que sabe fazer tudo, que trabalha sem tréguas, e por conseguinte (...) acaba com a própria saúde e envelhece antes do tempo”.[nota 23]

         Parece que há influência do pensamento de Piotr Kropotkin nas ideias de Bertacchi.  Afinal, dentre os teóricos anarquistas, foi ele quem sinalizou para o fato de a escravidão doméstica reduzir a mulher à escrava dos escravos.

         Essa influência pode ser verificada também quando Bretacchi defende a socialização do trabalho doméstico entre toda a família de modo a liberar a mulher seja para uma atividade profissional, seja para

...dispor a seu bel-prazer das horas livres, quer dedicando-se ao estudo ou a exercícios artísticos, quer gozando as diversões proporcionadas pela vida social.[nota 24]  

Defendendo, portanto, o fim da escravidão do avental, Bertacchi pleiteia em favor da mulher a liberdade de escolha para o exercício profissional, o desenvolvimento intelectual ou o desfrute do lazer.

Em artigo publicado no periódico A Lanterna, a 24 de maio de 1913, Angelina Soares, uma das militantes que entreteciam a experiência feminina no anarquismo, conclamava para a luta pela emancipação feminina:

Pela emancipação da mulher
Já é tempo da mulher se livrar das cadeias do servilismo e da humilhação que até agora a têm impedido de ocupar o seu posto na luta pela liberdade. A humanidade precisa de homens emancipados para o progresso da sua evolução e não de bonecos embrutecidos pelo fanatismo. Como, porém, conseguir este ideal, quando a mulher, que tem ao seu cuidado a educação da prole, é um ser embrutecido pela ignorância e incapaz de agir independentemente? O clero tem nisto grande responsabilidade. [...] A vós homens livres que almejais a liberdade, a vós eu me dirijo para incitar-vos a que empregueis todos os meios persuasivos a fim de estimular as vossas companheiras e as vossas filhas a tomar parte nessa obra de elevação intelectual e moral, base primordial da sua libertação! Companheiras! Já não é sem tempo que as vossas faculdades recuperem a sua lucidez e vivacidade. Sejamos eficazes colaboradoras da grande tarefa da redenção humana. [...] Propaguemos, para bem da humanidade, o nosso ideal de amor, de justiça e de liberdade.[nota 25]

         Com sua sensibilidade, a militante, ela mesma companheira do atuante e combativo operário espanhol libertário Manuel Campos, estimulava a mulher a se libertar “das cadeias do servilismo e da humilhação” e aderir à causa libertária, engajando-se na tarefa da libertação humana. Dirigia-se, também, aos “homens livres” para que estimulassem as companheiras e as filhas ao aprimoramento intelectual e moral, rompendo as amarras da servidão. Esse discurso emancipatório estimulava a participação feminina no espaço público, na vida social e cultural, enfatizando a necessidade da instrução como fundamento de uma sociedade em que a mulher teria papel de destaque.

         As ativistas libertárias, manifestando-se por palavras escritas e verbais, há muito destacavam que a libertação da mulher não seria resultado de reformas burguesas. Esse tema foi objeto de um artigo de Isabel Cerruti publicado pelo jornal A Plebe em 20 de novembro de 1920. Segundo ela,

qualquer reforma nas leis vigentes que venha conferir-lhe [à mulher] direitos políticos iguais aos homens, não a põe a salvo das chacotas e humilhações, não a livra de ser espezinhada, pelo sexo forte e prepotente....[nota 26]

         Mais uma vez aparece a ideia de que não seria nem a reforma legislativa nem a representação no corpo político, com o voto feminino, que transformariam a condição da mulher.  Cerruti faz até mesmo uma crítica àqueles que entendiam o sufrágio feminino como um caminho para a emancipação feminina.  Não seria, pois, o direito ao voto que mudaria o mundo fundamentado no princípio da dominação masculina.

         De acordo com suas ideias

o programa anarquista é mais vasto neste terreno; é vastíssimo: quer fazer compreender à mulher, na sua inteira concepção, o papel grandioso que ela deve desempenhar, como fatora histórica, para nossa inteira integralização na vida social.[nota 27]

         Isabel Cerruti conclamava a mulher a superar sua condição de figurante da história e a assumir o papel de protagonista do processo histórico de emancipação social.  Destacava que para isso, a mulher deveria, sistematicamente, fazer  “...uso do seu  raciocínio para se despir dos vãos temores, dos tolos preconceitos e dos ridículos escrúpulos que lhe incutiu a falsa moral de Deus e da Pátria, para assim obter o seu pensamento emancipado”.[nota 28]

         Como se vê, Cerruti foi uma militante ativa que empregou a palavra em conferências e assembléias e a escrita em inúmeros artigos publicados pela imprensa libertária.  Além disso, não se furtou ao papel de educadora, haja vista que marcou presença nas escolas anarquistas inspiradas na metodologia de Francisco Ferrer Y Guardia.[nota 29]

 

5. MARIA LACERDA DE MOURA: UMA VOZ INDEPENDENTE

 

         A professora, jornalista e escritora mineira Maria Lacerda de Moura, foi uma figura proeminente do meio intelectual brasileiro nos anos vinte e trinta do século passado.  Escreveu diversas obras e assinou inúmeros artigos. Fez conferências, fundou uma revista (Renascença) e organizou a Federação Internacional Feminina.

         Considerando-se uma pensadora livre, rejeitou todo e qualquer rótulo que seus contemporâneos tentaram impingir-lhe. Sua relação com os anarquistas de seu tempo foi marcada por aproximação e afastamento. Foi por eles criticada por causa do seu envolvimento com ideias e instituições espiritualistas.  Foi por eles apoiada em razão da convergência de muitas de suas ideias com os princípios libertários, a exemplo do anticlericalismo, antimilitarismo entre outros.

         Maria Lacerda de Moura se posicionou claramente a favor do amor livre, da maternidade voluntária e consciente, da redefinição da moral, da educação e emancipação da mulher.  Aliás, sua produção intelectual, tinha uma direção certa: a mulher.  E uma meta definida: a libertação da mulher das estruturas econômica, ideológica e política que a cerceia e aliena.
Nos textos que redigiu e nos discursos que proferiu, juntou à razão da intelectual, a emoção da mulher consciente de sua exclusão histórica.  Em 1919, escrevendo sobre o amor livre disse:

e querem convencer-nos de que - sem a força, a lei, o governo - a mulher se entregará ao primeiro que passar!  Nunca!  [...] O amor livre pregado pelos grandes idealistas não é a imoralidade, a  dissolução da família e do lar, o mercado da prostituição, a libertinagem que sem o amor livre campeia desenfreada neste triste século parecendo querer reviver a degradação de tempos imemoriais.[nota 30]    

         Maria Lacerda sinaliza para o fato de que associar amor livre à prostituição é uma concepção própria do mundo burguês masculino.  Não é o casamento civil, regulamentado pelo Estado e sacramentado pela Igreja, que garante o êxito da vida a dois e nem tampouco a dignidade da mulher. Haja vista que mesmo sem o amor livre, a prostituição assolava a sociedade da época e o matrimônio negociava a mulher.

Na defesa do amor livre, seus argumentos foram firmes e contundentes:

deixem o amor livre,... homens e mulheres encontrarão nas leis biológicas e nas necessidades afetivas e espirituais, o seu caminho, a sua verdade e a sua vida,... cada um ama como pode.[nota 31]

         Segundo ela,

...no dia em que as crianças forem filhas do puro Amor,...não forem obra vulgar do acaso ou do descuido,...veremos surgirem outras verdades...outros sonhos...uma sociedade mais digna. [nota 32]

         Vê-se que para Maria Lacerda a prática do amor livre implicava na maternidade voluntária e consciente, onde a mulher poderia desfrutar tanto dos prazeres do amor, quanto dos da fecundidade planejada.  Só os frutos do amor pleno e da união livre poderiam ser sujeitos do processo de reconstrução social.

         Protestando “...contra a opinião antifeminista de que a mulher nasceu exclusivamente para ser mãe, para o lar, para brincar com o homem, para diverti-lo...”[nota 33] , Maria Lacerda procurava derrubar a tradição que teimava em definir a mulher como inferior e incapaz, nessa altura amparada, até mesmo, pelas concepções científicas.

         Adotando um discurso panfletário, pregou a libertação da mulher dos condicionantes que impediam sua promoção pessoal e social.  Mas, alertou as companheiras que a emancipação feminina haveria de ser uma obra própria da mulher, a partir da educação e do trabalho.

         No livro Renovação, escrito em 1919, deixa entrever seu lado “feminista” ao abordar essa relação entre a mulher, a educação e a libertação feminina. Foi taxativa ao afirmar que

a brasileira não lê. [...]  Faz-se mister divulgar a instrução, sólida, a verdadeira instrução. [...] É preciso, sobretudo que ela se instrua e que divulgue as leituras fortes e úteis, fazendo compreender que somos uma poderosa e formidável energia no grande contingente das energias sociais. [...] A nossa ignorância é cultivada calculadamente.[nota 34]     

         Para Maria Lacerda a instrução não se resumia ao acúmulo de conhecimento puro e simples.  Era, antes de tudo, uma educação capaz de despertar a consciência crítica da mulher para combater os valores que tradicionalmente a hostilizavam, limitando sua ação transformadora.

         A partir do momento em que essa educação lhe conferisse consciência, revelando sua potencialidade, a mulher seria capaz de perceber

         ...que o homem não a libertará: só a mulher liberta, pode libertar o homem.  [...] O homem não é um ser emancipado e ao seu egoísmo não convém a emancipação feminina.  [...]  Quando por si a mulher desvendar o grande mistério, toda a humanidade será emancipada por suas mãos generosas.  [...] Se não o fizer será a eterna escrava, que se acorrenta pelas próprias mãos. [nota 35] 

         Nota-se que Maria Lacerda atribuía à mulher a responsabilidade não só da sua auto-emancipação, como também da emancipação de toda a humanidade.  Para ela, o homem, do alto do seu egoísmo e movido pela insaciabilidade, jamais promoveria a libertação “...da metade mais casta e mais sacrificada nesta sociedade brutalizada pelos instintos e pelo dinheiro”.[nota 36]

         Maria Lacerda de Moura não poupou esforços nas reflexões que empreendeu sobre a situação social da mulher e a emancipação feminina.  Foi incisiva ao defender os direitos da mulher e incentivá-la para o árduo combate em prol da sua liberdade.  Foi tenaz ao pregar a necessidade da educação como instrumento de resistência feminina e arma de transformação das condições concretas de existência. Foi decidida ao articular as mulheres para fazê-las atingir a realização plena das suas potencialidades. Foi corajosa o bastante para defender o amor livre das ingerências legais, religiosas e econômicas que a sociedade burguesa imputava à união conjugal. Foi mulher suficiente para reclamar a maternidade como um ato livre de vontade feminina individual e planejada. Foi audaciosa ao reivindicar a libertação da mulher da obrigação social do matrimônio.

         Enfim, se não foi uma anarquista convicta, Maria Lacerda foi, pelo menos, uma mulher emancipada cujo “...pequenino esforço libertário...”[nota 37] , como ela mesmo dizia, acabou sendo uma valiosa contribuição para o anarquismo em geral e para a mulher em particular.

 

6. PARA TERMINAR

 

         É fato que o anarquismo no Brasil contou com uma significativa participação das mulheres.  Elas deixaram marcas indeléveis em comícios, conferências, grupos de estudo, congressos, jornais, escolas etc. Manifestaram-se com arrebatamento tanto para defender os ideais anarquistas, quanto para despertar as mulheres de que elas existiam enquanto um grupo que possuía identidade própria.

         A ideia central dos discursos e artigos das militantes consistia na renovação do papel social-sexual da mulher.  Nesse sentido, bradaram em favor da emancipação feminina; da libertação da mulher dos preconceitos religiosos, da dependência econômica, da subordinação jurídica, do aprisionamento moral, do servilismo sexual, da restrição intelectual.

         Contudo, conscientes, as mulheres-militantes sabiam que um novo modelo de feminino só seria alcançado na futura sociedade libertária, através do esforço de todos, mas, sobretudo da luta contínua da própria mulher.

         O exemplo das anarquistas leva-nos a questionar a ideia de mulher-passividade e faz-nos creditar a uma tradição misógina a responsabilidade pela exclusão das mulheres do processo histórico.

         No entanto, é certo que as mulheres imprimiram sua marca à história.  Uma marca caracterizada não pela apatia e pela submissão como pretendeu a historiografia por longo tempo, mas pela combatividade e pela oposição como revelam os novos estudos e como pretenderam aquelas que, nos lares, nas fábricas, nas ruas, lutaram por uma sociedade mais livre e igual. Como afirma Michelle Perrot:

As mulheres não são nem passivas nem submissas. A miséria, a opressão, a dominação, por mais reais que sejam, não bastam para contar a sua história. Elas estão presentes aqui e acolá. Elas são diferentes. Afirmam-se por outras palavras, por outros gestos. Na cidade, até mesmo na fábrica, elas têm outras práticas cotidianas, formas concretas de resistências – à hierarquia, à disciplina – que frustram a racionalidade do poder e estão diretamente enxertadas em seu uso próprio do espaço e do tempo. Elas traçam um caminho que seria preciso reencontrar. Uma história diferente. Uma outra história. [nota 38]

         Por isso, optamos por um trabalho que não é a história do universo masculino, dos “grandes” feitos, das personagens ilustres. É uma outra história. Uma história que dá voz e vez àquelas que amaram a liberdade, mas, sobretudo, por ela lutaram!

 

Fontes e Referências

 

Arquivo particular Fábio Lopes dos Santos Luz. Arquivo Nacional.
O Protesto.  Rio de Janeiro, abr./maio. 1900.
A Lanterna. São Paulo, maio. 1913.
Liberdade. Rio de Janeiro, jul. 1919.
A Plebe. São Paulo, abr./maio/set.. 1919.
Voz do povo. Rio de Janeiro, fev./mar. 1920.

 

BANDEIRA, Moniz; MELO, Clovis; ANDRADE, A.T. O ano vermelho: a revolução russa e seus reflexos no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1967.
BARROS, Mônica Leite. Mulheres trabalhadoras e o anarquismo no Brasil. Dissertação de Mestrado. UNICAMP, 1978.
CAVALCANTI, Jardel. Os anarquistas e a questão da moral. São Paulo: Editora Cone Sul, 1997.
CORREIA, Francisco.Mulheres anarquistas. In: PRADO, Antônio Arnoni (org.). Libertários e militantes: arte, memória e culturaanarquista. Campinas: Unicamp, 1985.
KROPOTKIN, Piotr. A conquista do pão. Rio de Janeiro: s/n, s/d.
______. O anarquismo. Salvador: Progresso, 1954.
______. A questão social: o humanismo humanitário em face da ciência. Rio de Janeiro: Mundo Livre, /s.d./.
LEITE, Miriam M. Outra face do feminismo: Maria Lacerda de Moura. Rio de Janeiro: Ática, 1985.
MALATESTA, Errico. A anarquia. São Paulo: Imaginário, 1999.
______. Os anarquistas e o sentimento moral. In: Escritos revolucionários. São Paulo: Novos Tempos, 1989.
MARTINS, Angela Maria Roberti. “Cancioneiro Libertário”: das idéias às representações. Uma análise do anarquismo na perspectiva do gênero. Dissertação (Mestrado), Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2000.
PERROT, Michelle.  Os excluídos da história: operários, mulheres e prisioneiros.  Trad. Denise Bottmann.  2. ed.  Rio de Janeiro:  Paz e Terra, 1992.
______. As mulheres ou os silêncios da história. Bauru, SP: EDUSC, 2005.
PRACCHIA, Lygia. Os libertários e os caminhos da emancipação feminina. São Paulo / Rio de Janeiro – 1900-1930.Dissertação de Mestrado. PUC-SP, 1992.
RAGO, Margareth. Do cabaré ao lar: a utopia da cidade disciplinar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
______. Anarquismo e feminismo no Brasil. Rio de Janeiro: Achiamé, 1998. 
RAGO, Margareth. VERVE: Revista Semestral do NU-SOL - Núcleo de Sociabilidade Libertária. Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais, PUC-SP. Nº21 (Maio 2012). - São Paulo: o Programa, 2012. Disponível em  http://www.nu-sol.org/agora/pdf/margarethrago.pdf
RODRIGUES, Edgar. Nacionalismo e cultura social; 1913-1922. Rio de Janeiro: Laemmert, 1972. 
______. Os companheiros. Florianópolis: Insular, 1997.v. 4.

 

Notas

[nota 1] [voltar ao texto] Sobre o assunto, consultar: CORREIA, Francisco.Mulheres anarquistas. In: PRADO, Antônio Arnoni (org.). Libertários e militantes: arte, memória e culturaanarquista. Campinas: Unicamp, 1985. p. 43-60. Francisco Correia é o pseudônimo de Edgard Rodrigues. Consultar também BARROS, Mônica Leite. Mulheres trabalhadoras e o anarquismo no Brasil. Dissertação de Mestrado. UNICAMP, 1978. Ver ainda, LEITE, Miriam M. Outra face do feminismo: Maria Lacerda de Moura. Rio de Janeiro: Ática, 1985.

 [nota 2] [voltar ao texto] Apud CORREIA, Francisco. Op. cit., p. 49.

[nota 3] [voltar ao texto] Ibidem. p. 49.

 [nota 4] [voltar ao texto] GRUPO FEMININO DE ESTUDOS SOCIAIS. Pelo ideal de regeneração. Voz do povo, Rio de Janeiro, 29 mar. 1920. p. 2.

 [nota 5] [voltar ao texto] GRUPO FEMININO DE ESTUDOS SOCIAS. Voz do Povo, Rio de Janeiro, 20 mar. 1920. p. 2.

[nota 6] [voltar ao texto]RODRIGUES, Edgar. Os companheiros. Florianópolis: Insular, 1997.v. 4. p. 117-118.

[nota 7] [voltar ao texto] Esse Partido não era uma organização político-partidária, mas uma espécie de agremiação dos seguidores do anarco-comunismo de Kropotkin. Sobre as “Bases de Acordo” do Partido Comunista do Brasil e da Liga Comunista Feminina, consultar A Plebe, edições de 19 de abril de 1919. p. 3. e de 24 de maio de 1919. p. 2. Ver, ainda, RODRIGUES, Edgar. Nacionalismo e cultura social; 1913-1922. Rio de Janeiro: Laemmert, 1972. p. 234-243.

[nota 8] [voltar ao texto] NOGUEIRA, Maria de Lourdes. Era nova. Liberdade, Rio de Janeiro, jul. 1919. p. 1.

[nota 9] [voltar ao texto] RODRIGUES, Edgar. Os companheiros. Florianópolis: Insular, 1997.v. 4. p. 117.

 [nota 10] [voltar ao texto] Acerca do panfleto da Liga Comunista Feminina, ver ARQUIVO NACIONAL. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA E NEGÓCIOS INTERIORES. Processo de Adolfo Alonso. Pacotilha IJJ7 138.   Comentário sobre o decreto pode ser encontrado em A Plebe, 7 de setembro de 1919. p. 3.            

  [nota 11] [voltar ao texto] Ibidem. Pac. IJJ7 138.

  [nota 12] [voltar ao texto] GRUPO FEMININO DE ESTUDOS SOCIAIS.Um manifesto à mulher brasileira. Voz do Povo, Rio de Janeiro, 7 fev. 1920. p. 2.

[nota 13] [voltar ao texto] RAGO, Margareth. Do cabaré ao lar: a utopia da cidade disciplinar. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985. p. 85.

[nota 14] [voltar ao texto] Essas profissões inscrevem-se no prolongamento das funções “naturais”, maternais e domésticas. Referem-se ao modelo da mulher que cuida e consola, materializando-se nas profissões de professora primária, enfermeira, assistente social, nas quais crianças, idosos, doentes e pobres constituem os interlocutores privilegiados das mulheres dedicadas às tarefas caritativas e de socorro. Consultar PERROT, Michelle. As mulheres ou os silêncios da história. Bauru, SP: EDUSC, 2005. p. 252.

  [nota 15] [voltar ao texto] Apud CORREIA, Francisco. Op. cit. , p. 52.

  [nota 16] [voltar ao texto] Ibidem.  p. 52.

[nota 17] [voltar ao texto] O Protesto, foi o segundo jornal anarquista publicado no Rio de Janeiro, entre 1899-1900.

[nota 18] [voltar ao texto] O Protesto.  Rio de Janeiro, 4 abr. 1900. p. 2.

[nota 19] [voltar ao texto] O Protesto.  Rio de Janeiro, 9 maio. 1900.  p. 3.

  [nota 20] [voltar ao texto] Ibidem . p. 105.

  [nota 21] [voltar ao texto] Ibidem . p. 105.

  [nota 22] [voltar ao texto] Apud RAGO, Luzia Margareth. Op. cit. , p. 102.

  [nota 23] [voltar ao texto] Ibidem.  p. 102.

  [nota 24] [voltar ao texto] Ibidem.  p. 103.

[nota 25] [voltar ao texto] SOARES, Maria A. Pela emancipação da mulher. A Lanterna. São Paulo, p. 1. 24 maio 1913.

 [nota 26] [voltar ao texto] Apud RAGO, Luzia Margareth. Op. cit. , p. 99.

 [nota 27] [voltar ao texto] Ibidem. p. 99.

 [nota 28] [voltar ao texto] Ibidem. p. 98.

 [nota 29] [voltar ao texto] CORREIA, Francisco. Op. cit. , p. 48.

 [nota 30] [voltar ao texto] Apud CORREIA, Francisco. Op. cit. , p. 44.

 [nota 31] [voltar ao texto] Apud RAGO, Luzia Margareth. Op. cit. , p. 107.

 [nota 32] [voltar ao texto] Apud CORREIA, Francisco. Op. cit. , p. 56.

 [nota 33] [voltar ao texto] Apud RAGO, Luzia Margareth. Op. cit. , p. 97.

 [nota 34] [voltar ao texto] MOURA, Maria Lacerda. Educação e ensino. Voz do povo, Rio de Janeiro, 6 fev. 1920. p. 2.

 [nota 35] [voltar ao texto] Ibidem.  p. 2.

[nota 36] [voltar ao texto] Sobre o assunto, consultar  ARQUIVO NACIONAL. Arquivo particular Fábio Lopes dos Santos Luz. AP 14. Caixa 1. Cartas de 1à 13.

 [nota 37] [voltar ao texto] Ibidem. Carta nº 5.

[nota 38] [voltar ao texto] PERROT, Michelle. As mulheres ou os silêncios da história. Bauru, SP: EDUSC, 2005. p. 222.

 

FONTES DAS IMAGENS ::

A civilização comunista erguendo a sociedade do trabalho sobre o entulho do regime capitalista. - A Plebe. São Paulo, 09 de ago. de 1919. p. 1.
Maria Lacerda de Moura - Fonte: http://averdade.org.br/2012/06/maria-lacerda-de-moura-e-o-feminismo-classista/
livro de Maria Lacerda de Moura - Fonte: http://mulheres-incriveis.blogspot.com.br/2012/03/maria-lacerda-de-moura_15.html
Maria Lacerda de Moura - Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Lacerda_de_Moura
Foto 3º Congresso Operário - Fonte: http://www.memoriasindical.com.br/home.php